Libertação do Corpo
Este projeto, inicialmente concebido como um ensaio, surge da investigação contínua do artista Vicenzo Arendt, cujos trabalhos são majoritariamente pinturas. Intitulado primeiramente como “Ensaio sobre meu corpo”, o objetivo ao se auto-fotografar era refletir sobre os variados padrões de beleza, desafiando a percepção distorcida de corpo ideal propagada pelas utopias digitais das redes sociais. Aqui, o corpo nu é elevado a objeto artístico, enfrentando o desafio estético de representar a realidade de um corpo humano.
Inspirado pelas obras de Yoko Ono, onde o corpo físico ocupa o centro das atenções, Arendt empreende uma análise profunda. As criações de Ono destacam o corpo humano de forma que transcende sexo, raça e idade, transformando-o em Arte pura. Como Yoko afirma, "Estamos sempre nos desculpando por sermos reais. Desculpe-me por peidar, desculpe-me por fazer amor e cheirar como um ser humano, em vez daquele príncipe e princesa inodoros que aparecem nas telas."
A série fotográfica 'Libertação do Corpo' contrasta com narrativas pictóricas lineares e previsíveis. A poética desta pesquisa e dos trabalhos artísticos de Arendt busca subverter valores estéticos e sociais arcaicos, enraizados na Grécia antiga, que ainda moldam a concepção contemporânea de beleza, elegância, graça, ética e sanidade. Este ensaio aborda questões cotidianas vivenciadas não apenas como artista, mas como ser humano, unificando experiência pessoal e expressão artística.
Arendt, que já havia experimentado a fotografia durante seus anos universitários, agora a incorpora em seu próprio projeto artístico. Durante a pesquisa para este ensaio fotográfico, ele observou seu corpo, explorou sua mente, expandiu sua alma e repensou o significado da existência humana. Em sua visão, apesar de todas as diferenças, pertencemos todos a uma única raça.
Com esta série auto-fotografada, Arendt apresenta uma fruição visual composta pelos elementos da atmosfera que o cerca e o influencia. Para ele, a Arte deve transcender qualquer desaprovação social, ultrapassando julgamentos e tendências. Simultaneamente, a Arte deve subverter o significado comum da “vida”. Este projeto expressa seu próprio vazio, materializado por um excesso de emoções que demandam forma.
Ao experimentar seu corpo durante o ensaio, Arendt vivenciou uma obra de arte que o preparou para a vida real, revelando seu verdadeiro eu. A série reflete ações e representações elevadas e distantes, capturadas antes mesmo de serem plenamente compreendidas. Este é o cerne do projeto 'Libertação do Corpo'.
Texto Curatorial de Bruna Oliveira.





